TEATRO da TERRA
criação artística para todos
reposição
TEATRO DA TERRA
A MALUQUINHA DE ARROIOS de André Brun
AUDITÓRIO MUNICIPAL DO
FÓRUM CULTURAL DO SEIXAL
19 a 28 JANEIRO
QUINTA a SÁBADO | 21:30
Bilheteira
Ticketline.pt
Biblioteca Municipal e bilheteira do Fórum Cultural do Seixal
encenação
MARIA JOÃO LUÍS
com
ANA SARAGOÇA, ANDRÉ ALBUQUERQUE, CAROLINA PICOITO PINTO
CÁTIA NUNES, FILIPE GOMES, INÊS CURADO, JAIME BAETA, JOÃO ARAÚJO
MARINA ALBUQUERQUE, PAULO DUARTE RIBEIRO, SÉRGIO GOMES
SÓNIA GUERRA, VITOR OLIVEIRA, CARINA R. COSTA
cenografia ANA TERESA CASTELO
desenho de luz, fotografia PEDRO DOMINGOS
assistência de encenação DIANA ESPECIAL
ilustração do cartaz JOANA VILLAVERDE
cabelos DAVID XAVIER
produção executiva DIANA ESPECIAL
operação de luz e som LUCAS DOMINGOS
assistência de produção FILIPE GOMES, SÓNIA GUERRA
direcção de produção PEDRO DOMINGOS
produção
TEATRO DA TERRA 2022
M/6
O Teatro da Terra volta às comédias de portas, desta vez com a peça mais conhecida e representada de André Brun.
Baltazar Esteves, o “Esteves do Bacalhau” fez fortuna ao balcão a vender bacalhau, grão e batatas. É casado com a Capitolina e tem um filho e uma filha. O filho é um poeta, a filha lá conseguiu casar com um visconde.
Baltazar Esteves é também dono de vários prédios em Lisboa, entre os quais um, em Arroios, onde vive Alzira de Meneses, a quem todos chamam ”a maluquinha de arroios".
Alzira de Meneses, para além de ser um pouco destrambelhada é também uma mulher deslumbrante por quem todos os homens perdem a cabeça. E isso vai acontecer ao Baltazar, ao filho e ao genro.
Para aumentar a confusão e as trapalhadas, há ainda a D.ª Perpétua, manicura, calhandreira e alcoviteira; Aniceto Abranches, um procurador romântico; o pai da Maluquinha, um estroina do pior; a mãe da Maluquinha, meia louca e apaixonada, vários criados e ainda um macaco que se enfurece quando chove.
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acolhimento
TEATRO DO BAIRRO
FAZER Um Alfabeto de Aniversários de Gertrude Stein
AUDITÓRIO MUNICIPAL DO
FÓRUM CULTURAL DO SEIXAL
SEXTA, 10 FEVEREIRO | 21:30
SÁBADO, 11 FEVEREIRO | 21:30
Bilheteira
Ticketline.pt
Biblioteca Municipal e bilheteira do Fórum Cultural do Seixal
tradução
LUÍSA COSTA GOMES
encenação
ANTÓNIO PIRES
com
CAROLINA CAMPANELA, CAROLINA SERRÃO
INÊS CASTEL-BRANCO, MAYA BOOTH e VERA MOURA
cenário JOÃO MENDES RIBEIRO
figurinos LUIS MESQUITA
música GUILHERME ALVES
coreografia PAULA CARETO
caracterização IVAN COLETTI
desenho de luz RUI SEABRA
desenho de som PAULO ABELHO
construção de cenário FÁBIO PAULO
confecção de figurinos CARLA PEREIRA
assistente de figurinos TOMÁS DE ALMEIDA
assistente e operação de luz JOÃO VELOSO
operação de som ANTÓNIO OLIVEIRA
direcção de cena MAX PONS
assistência à direcção de cena AFONSO LUZ
ilustração JOANA VILLAVERDE
fotografia de cena MIGUEL BARTOLOMEU
coordenação de produção IVAN COLETTI
administração de produção ANA BORDALO
comunicação MARIA JOÃO MOURA
produtor ALEXANDRE OLIVEIRA
produção
AR DE FILMES / TEATRO DO BAIRRO
M/12
Info e reservas: Ticketline.pt | Biblioteca Municipal do Seixal | Bilheteira do Fórum Cultural do Seixal
É exactamente o que o título indica: um alfabeto de aniversários, uma lista das pessoas cujos nomes começam por letras e que fazem anos num certo dia e o que é que acontece nesse dia em que fazem anos. Histórias e mais histórias sobre as pessoas e as letras e o que quer dizer fazer anos. Escrito em 1940, um ano depois da publicação de O Mundo é Redondo, To Do “é um livro de aniversários que gostaria de ter lido em criança” disse Gertrude Stein. Será o reencontro de António Pires e de Luísa Costa Gomes com a autora modernista que completará o díptico deste género literário adaptado ao teatro.
AUDITÓRIO MUNICIPAL DO
FÓRUM CULTURAL DO SEIXAL
ESTREIA ABSOLUTA
9 a 18 MARÇO
QUINTA a SÁBADO | 21:30
Bilheteira
Ticketline.pt
Biblioteca Municipal e bilheteira do Fórum Cultural do Seixal
encenação
MARIA JOÃO LUÍS
com
MARIA JOÃO LUÍS e SÍLVIA FIGUEIREDO
cenografia DANIELA CARDANTE
figurinos DINO ALVES
desenho de luz PEDRO DOMINGOS
assistência de encenação FILIPA LEÃO
fotografia ALÍPIO PADILHA
ilustração do cartaz JOÃO LUCAS
produção executiva DIANA ESPECIAL
operação de luz e som LUCAS DOMINGOS
assistência de produção FILIPE GOMES, SÓNIA GUERRA
direcção de produção PEDRO DOMINGOS
produção
TEATRO DA TERRA 2023
co-produção
CASA DAS ARTES DE VILA NOVA DE FAMALICÃO
TEATRO MUNICIPAL DE BRAGANÇA
CENTRO CULTURAL RAIANO
M/12
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criação
TEATRO DA TERRA
ELA LOBO de Ana Lázaro
Duas Mulheres. Duas Mulheres desaparecidas. Duas Mulheres desaparecidas dentro de uma Floresta. Duas meninas dentro de um frasquinho a germinar. Duas fugitivas que acordam e adormecem para regressar aos mesmos medos, aos mesmos uivos, à mesma insónia, na mesma noite. Duas Presas com medo do escuro. Duas Predadoras que corriam pela cidade até que as pernas ficaram maduras e apodrecerem de vez. Dois troncos com braços, incapazes de resistir aos parasitas que os consomem a partir de dentro. Duas fêmeas com memórias de crias e de flor. Duas plantas a germinar numa estufa onde são limpas, podadas e vigiadas para que não se tornem pragas selvagens e descontroladas. Duas Mulheres sem nome. Duas Mulheres daninhas. Duas Mulheres que desapareceram para não comprometer a biosfera. Porque, afinal, uma Mulher daninha pode contagiar uma Floresta inteira.
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acolhimento
COMP.ª DE TEATRO DE BRAGA
NO ALVO de Thomas Bernhard
AUDITÓRIO MUNICIPAL
FÓRUM CULTURAL DO SEIXAL
SEXTA, 05 MAIO | 21:30
SÁBADO, 06 MAIO | 21:30
Bilheteira
Ticketline.pt
Biblioteca Municipal e bilheteira do Fórum Cultural do Seixal
tradução
ANABELA MENDES
dramaturgia e encenação
RUI MADEIRA
com ANDRÉ LAIRES, EDUARDA FILIPA, SÍLVIA BRITO, SOLANGE SÁ
cenografia ALBERTO PÉSSIMO, JORGE GONÇALVES
figurinos MANUELA BRONZE
assistência de encenação ANTÓNIO JORGE
fotografia PAULO NOGUEIRA
produção
COMPANHIA DE TEATRO DE BRAGA
M/12
O que está em causa é o próprio teatro. A sala, os artistas e o público. É o palco/casa dos actores/personagens que se desnudam e exibem a sua própria solidão. São personagens asfixiados por ideias de cidade a investirem no abandono. O desamor como estratégia de analisar o mundo. As personagens Mãe, Filha, Escritor dramático, Criada, não estão apenas sós uns com os outros, exibem também os mecanismos dos cérebros. Num crepuscular quadro familiar emerge a figura da mãe que faz o caminho da vida procurando a morte. A sua e a dos outros da família, ela que só queria ver o mar e perceber a maré cheia e maré vaza. Ela que detestou tanto o marido como adorava ouvi-lo dizer a despropósito tudo está bem como acaba em bem. Ele que pronunciava como ninguém a palavra fábrica e que com ela teve um filho que ele fez e que era só simplesmente horrível, nasceu velho e morreu ainda bem novo no berço donde nunca saiu. O aleijado. Desembrulhou-o morto, tão lindo que era, não suportaria ser conspurcado pela imundície das outras pessoas. Sim a imundície prolifera em tudo, no teatro, nos operários, na fábrica…
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criação
TEATRO DA TERRA
AMOR DE DOM PERLIMPLIM COM BELISA EM SEU JARDIM de Federico Garcia Lorca
AUDITÓRIO MUNICIPAL DO
FÓRUM CULTURAL DO SEIXAL
13 a 17 JUNHO
TERÇA A SÁBADO | 21:30
Bilheteira
Ticketline.pt
Biblioteca Municipal e bilheteira do Fórum Cultural do Seixal
encenação
MARIA JOÃO LUÍS
com
ANTÓNIO SIMÃO, FILIPA LEÃO, MARINA ALBUQUERQUE
RITA ROCHA SILVA, TERESA FARIA, TERESA TAVARES e o músico
JOSÉ PEIXOTO
cenografia JOSÉ MANUEL CASTANHEIRA
composição e direcção musical JOSÉ PEIXOTO
figurinos CLÁUDIA RIBEIRO
desenho de luz PEDRO DOMINGOS
assistência de encenação DIANA ESPECIAL
fotografia ALÍPIO PADILHA
produção executiva DIANA ESPECIAL
operação de luz e som LUCAS DOMINGOS
construção da cenografia BENTO CORREIA
assistência de produção FILIPE GOMES, SÓNIA GUERRA
direcção de produção PEDRO DOMINGOS
produção
TEATRO DA TERRA 2023
M/12
A incompreensão é o motor da vida, da obra e da morte de Lorca. Artista da tragédia, encontrou na incompreensão mútua dos géneros, o ponto de partida para esta inclassificável trama poética. Ele próprio chega a escrever a propósito de Amor de Dom Perlimplim, que se trata de uma obra grotesca, uma farsa que termina em tragédia.
O velho e a jovem sensual, infantil e facilmente manipulável, são antes de mais um jogo de contraste, repetido na relação de Dom Perlimplim com a sua criada, para acentuar a comicidade das cenas iniciais, ampliadas ainda pela reprodução da imagem estereotipada da mãe de Belisa.
Dom Perlimplim, homem de meia idade, abastado, mas inexperiente nos negócios do amor, deixa-se convencer pela sua criada a casar com uma jovem muito mais nova, sua vizinha.
Belisa é manipulada pela mãe, para alinhar num casamento de conveniência, sem a paixão que cultiva com um correspondente anónimo.
A viúva, cuja única preocupação é assegurar a sua estabilidade económica, alicia a filha para um casamento lucrativo, com a possibilidade de atrair outros homens, augurando a infidelidade da filha. Dom Perlimplim não acredita no futuro da sua relação com a mulher, e desiludido, dispõe-se a morrer por ela, revelando ser ele o amante anónimo por quem Belisa se apaixonou, para grande infortúnio desta.
Lorca desvincula a sua escrita da narrativa de caráter linear, antes seguindo a via de um teatro poético. Rompe com o desenvolvimento progressivo de histórias regidas por elementos consecutivos. Liberta o texto e a palavra da função de representar e explicar situações da vida, numa ruptura com a estética do realismo e do naturalismo.
A ameaça principal está escondida à vista de todos, o público sabe disso, as personagens não, e aí reside o drama. Lorca quer o drama no público, não nas personagens, cujos traços característicos são habilmente desconstruídos, para que a nossa percepção se debata com a visão de um mundo à frente do seu tempo, projectado pelo poeta.
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acolhimento
TRIGO LIMPO / ACERT
CAR 12 A Grande Viagem
criação ACERT
CINEMA SÃO VICENTE
ALDEIA DE PAIO PIRES
SÁBADO, 23 SETEMBRO | 21:30
Bilheteira
Ticketline.pt
Biblioteca Municipal e bilheteira do Cinema São Vicente
encenação
JOSÉ RUI MARTINS
ideia original MIGUEL CARDOSO
concepção e interpretação ANDRÉ CARDOSO e MIGUEL CARDOSO
construção de instrumentos MIGUEL CARDOSO
apoio construção do Car12 JOSÉ JOÃO CARDOSO
som LUÍS VIEGAS
desenho de luz PAULO NETO
desenho gráfico ZÉ TAVARES
figurinos RAQUEL COSTA
fotografia CARLOS TELES e RUI COIMBRA
produção ACERT – Associação Cultural e Recreativa de Tondela
M/6
Uma viagem dum duo num veículo cheio de surpresas! Uma andança divertida onde, da forma mais inusitada e virtuosa, surgem sons e melodias que são paisagens sonoras criadas pela execução musical de instrumentos inventados e construídos. Uma dramaturgia mágica, humorada e comovente. Enfim, a palavra escondida simbolicamente nos silêncios, sons, gestos, e atitudes teatrais dos intérpretes.
Dois geniais criativos que, tendo a música como especialidade, surpreenderam pela capacidade de descobrirem o teatro que tinham a borbulhar desde há muito, muito tempo. A preparação do espetáculo revelou uma entrega alucinante com a genica de cientistas loucos. Este duo trabalhou incansavelmente para criar esta joia. Como filigrana, cada objeto cénico/instrumento foi engenhosamente fabricado com a precisão dum relógio. Nem uma única palavra é dita, deixando que cada gesto, som, atitude e relação possuam um dom que permita que cada espetador escreva no seu livro afetivo, a história de dois artistas que, em tempos tão sombrios, estendem a mão, não para esmolar, mas para que, de uma vez por todas, a sociedade reconheça a importância da cultura e das artes numa sociedade que não quer perder o direito de sonhar e ser feliz.
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acolhimento
TEATRO DAS BEIRAS
MARIA DE MEDEIA a partir de Euripides
AUDITÓRIO MUNICIPAL DO
FÓRUM CULTURAL DO SEIXAL
SÁBADO, 28 OUTUBRO | 21:30
Bilheteira
Ticketline.pt
Biblioteca Municipal e bilheteira do Fórum Cultural do Seixal
texto LUÍSA PINTO e JOAQUIM GAMA
encenação LUÍSA PINTO
com SÍLVIA MORAIS e BERNARDO SARMENTO
assistência de encenação JOAQUIM GAMA
música original CRISTINA BACELAR
espaço cénico LUÍSA PINTO
desenho de luz FERNANDO SENA
figurinos RAFAELA GRAÇA
produção
TEATRO DAS BEIRAS 2023
M/12
Maria de Medeia fala sobre um casal de atores que decide revisitar o mito da tragédia clássica de Eurípides.
Maria de Medeia oscila entre a vida real do casal e o processo criativo, estabelecendo um paralelismo entre os desafios que enfrentam nas suas vidas pessoais e os conflitos retratados na tragédia.
Ao longo da narrativa e à medida que os ensaios avançam, os limites entre a realidade e a ficção começam a desvanecer-se e os ensaios tornam-se num campo de batalha emocional. Esta criação é uma exploração profunda das tensões que surgem quando a arte se mistura com a vida e onde os limites entre personagens e atores, realidade e representação, amor e ódio se cruzam.
Esta proposta interroga a condição da personagem Medeia enquanto símbolo poderoso e complexo das questões de gênero, transversal a todos os séculos e que continua a provocar discussões sobre o papel e o poder das mulheres na sociedade atual.
Maria de Medeia joga-se na hibridez entre a antiguidade e as Medeias contemporâneas.
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criação
TEATRO DA TERRA
ROMEU E JULIETA de William Shakespeare
AUDITÓRIO MUNICIPAL DO
FÓRUM CULTURAL DO SEIXAL
SEXTA, 24 NOVEMBRO | 21:00
Em Verona, duas famílias rivais, os Montéquio e os Capuleto, assistem ao enamoramento dos seus filhos. Apesar das disputas familiares, Romeu e Julieta encontram-se e apaixonam-se profundamente. Desafiam as convenções e o ódio que há décadas separa as suas famílias, casam secretamente, mas uma série de trágicos equívocos culmina na morte prematura de ambos, selando o seu amor como a grande história de paixão amaldiçoada.
Com uma linguagem contemporânea e uma estética visual ousada, ROMEU E JULIETA, explora temas intemporais como o amor, a violência, o ódio e a reconciliação. A intensidade da paixão entre os protagonistas, refletida em interpretações polifacetadas, ampliam a energia e regeneram a violência contida, no conflito entre as famílias.
Apesar de não abordar directamente a luta de classes, é possível interpretar alguns elementos como um reflexo de tensões, rivalidades, ou conflitos sociais na divisão entre Montéquios e Capuletos. Ao criar um mapa emocional intenso e provocativo, lembra-nos a universalidade do sentimento humano e do poder transformador do amor, mesmo em tempos sombrios e complexos como os nossos.
ROMEU E JULIETA é uma reflexão social e política, que destaca, sobretudo, a necessidade de superar a diferença e o preconceito, e a importância de encontrar um terreno comum onde a paz possa prevalecer.
encenação
MARIA JOÃO LUÍS
com
AFONSO MOLINAR, BRUNO AMBRÓSIO, CÁTIA NUNES, FILIPE GOMES,
INÊS CURADO, JOSÉ LEITE, MIGUEL SOPAS, PAULO LAGES, PEDRO MOLDÃO
RODRIGO SARAIVA, SÍLVIA FIGUEIREDO, TADEU FAUSTINO
tradução e adaptação FERNANDO VILLAS-BOAS
cenografia ÂNGELA ROCHA
criação musical e ilustração JOÃO LUCAS
figurinos JOSÉ ANTÓNIO TENENTE
desenho de luz PEDRO DOMINGOS
assistência de encenação FILIPA LEÃO
fotografia DANIEL NUNES
produção executiva ARTUR CORREIA
assistência de produção FILIPE GOMES
direcção de produção PEDRO DOMINGOS
produção
TEATRO DA TERRA 2023
co-produção
NOVO CICLO ACERT
CASA DAS ARTES DE VILA NOVA DE FAMALICÃO
M/12
Para apreciarmos a extraordinária inversão de valores que a peça Romeu e Julieta trouxe, basta vermos uma versão poética contemporânea da mesma história, colhida em novelas italianas, à qual Shakespeare deitou mão para construir o seu enredo. The Tragical History of Romeus and Juliet (1562), de Arthur Brooke, não entroniza os dois adolescentes e o seu amor impaciente, como faz a versão de Shakespeare, no que ficou a ser a fonte, afinal, do culto da juventude que ainda está nos nossos hábitos e que esta peça inaugurou (R&J é de 1595-96, uma distância que por si só mostra a popularidade do poema). Pelo contrário: o conto em verso de Brooke oferece várias lições: o autor toma o partido dos pais, naturalmente, à luz dos costumes da época, e dá o nome de “desejo desonesto” à força que une o par, além de tratar Julieta como “donzela cheia de vontades” - a mesma ofensa com que o pai Capuleto castiga a filha no drama de Shakespeare (e nesta versão portuguesa), no discurso violento em que ameaça deserdá-la, caso não case com o noivo escolhido.
Desta fonte (e de outras semelhantes, na prudência com que tratam o fogo juvenil), Shakespeare extraiu uma história radicalmente diferente. Desde logo, três personagens menores são aumentadas na peça para se tornarem forças no drama: Mercúcio, a Ama e Tebaldo, todos, de algum modo, anti-heróis, inimigos daquela união em nome da camaradagem masculina, dos limites da vontade feminina, e, por ordem e por fim, do respeito pelos fervores tribais das famílias.
Shakespeare mudou também a ordem e a importância relativa das peripécias, acrescentando outras, para criar uma precipitação irresistível. O tempo da acção encolhe para poucos dias, em vez dos meses da narrativa tradicional, e a união dos amantes cabe numa só noite, já sob a sombra da separação inevitável.
As mortes de Romeu e Julieta já não serão apresentadas como os justos castigos da sua irracionalidade e rebeldia (um termo muitíssimo negativo no vocabulário da época, e no do próprio Shakespeare).
Para elevar aquela união perturbadora da ordem daquela Verona imaginária, Shakespeare funde arrojadamente a sua paixão (e da sua época) pelo soneto de gosto italiano, com aquilo a que se pode chamar o princípio do teatro como espectáculo verbal, que o teatro do nosso tempo tantas vezes descura, mas que fazia a regra do teatro isabelino: um teatro para ser ouvido, ainda mais do que visto. Esta peça, por via da sua inspiração na fonte lírica italiana, mais exactamente petrarquista - a mesma de Camões -, junta ao enredo tenso uma exibição de luxo verbal que nunca se prejudicam mutuamente em cena. O verso carregado de lirismo serve para compactar emoções, dar expressão aguda a traços do carácter das personagens, e assim ajudar à construção de um tempo progressivamente comprimido. E aquela coincidência literária deve ser e pode ser plenamente aproveitada. É uma crença desta versão, a possibilidade da imitação da dicção lírica original. Para uma ilustração deste processo basta a cena do encontro, no baile, entre Julieta e Romeu enquanto desconhecidos, sendo que as deixas que vão trocando até se consumarem os dois beijos trocados constituem, em si mesmas, um soneto rimado, em que os versos regem a pauta de movimentos contidos. “É um livro, essa boca”, diz Julieta, num elogio à delicadeza com que Romeu soube responder ao desafio poético.
Esta versão acredita, portanto, no espectáculo verbal, e no poder do seu ritmo em toda a máquina cénica.
Fernando Villas-Boas